Cinderela sem Sapatos...


sábado, 22 de agosto de 2015

Teus braços




Eis o dia na entranha
Que habita o vazio
De quem implora 

Eis o dia na selva
Que se faz pedra
De quem não ama

Eis o dia em dia
Que se prolonga em vida
Para quem dela precisa

Abra-se nu
Abraça-me
Quero sentir-me tola

E pura como o dia em que vim ao mundo
E fui abraçada entre cueiros de amor
E alimentada pelo doce calor de mãe...

Abraça-me!
Apenas, hoje, abraça-me!

Lúdico amor




Roubei te um beijo
Consolei te com pérolas em troca
Do teu amado roubei tudo
Tudo que eu e você desejávamos dele:
seus encantos ou sua cabeça
Cada moeda de ouro engolida por ele:
um braço eu pintava
um músculo eu definia
um beijo eu tirava
um olhar eu sombreava
Cada pincelada um êxtase!
Cada êxtase confirmava mais êxtases, mais cores, mais cegueira...
Para ele - o teu amado - o ouro era alimento dos Deuses
Para mim - o pintor faminto - arte e prazer saciavam-me
Para você - um mulher jovem e confusa - ouro, arte, prazer, pérolas e ciumes atormentavam-te
E morríamos enganados e escusos...

DesAbafos



Goteiras de mim 
Entre o vão da janela
Que fechei ao naufrágio 

Ainda pingam ao leito
Ainda remam oposto
Ao meu ciclo de vida

Nunca chegaremos juntos
Declaro!
O ciclo jamais se fecha
Quando um, ainda, persiste

Ser tempestade...