Cinderela sem Sapatos...


domingo, 26 de junho de 2011

Fardo do Rio


Desdobrando-se pelas encostas e ribeiras
De monte a monte, pedras roladas
Plantas prezadas no seu fio deslizante
Suavemente te sinto...

Sento-me às suas margens tarjas
Ouço sua harmonia
Entre pirilampos e arvoredos
Sinto-me aliciada por suas aguas
Fantasmais...

Homem e rio ocultam segredos
Fundidos no fundo do leito calado
Lavados e coruscados jamais
`A luz da memoria...

Correndo pelos pastos, ruas e casas
Cego e transparente pêndulo da ponte
Desemboca na força da natureza
Com fúria grandiosa onipotente

Por fim, aclama-se em arroios
Lagos torrentes e berços de praias
Nas cachoeiras caídas da alma
Ouço sua ária de paz...












sexta-feira, 24 de junho de 2011

Vazio

Conheço todas as suas reentrâncias
No vão da mente onde se esconde
Penumbra que invade a alma
Libando-se como parasitas
Que envelhecem a alegria
Alegria essa, roubastes
Tirastes o fôlego ingênuo
Como um vento eloquente
De um coração famélico
Coração esse, roubastes
Sonhava ter fé, esse coração
Acreditava que tal fé existisse!
No fundo dessa cova funda
Perduras vazio
Fecundo de mentiras e minhocas
Molhado de orvalho guardado
Cada dia mais cavo e embriagado
Na lama oca da morte
Invisível à luz da vida
Fugido por uma voz suplicante
Levanta-te da morte!
Ainda não te mereces
Nem menos te queres
Não hoje, nem hoje
Talvez outro dia!

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Alpendre



Photo by  Nelson Fe 
Suspenso aos poderes da lua na noite fria
Na casa de esquina amávamos as escondidas
Relentos aos suspiros do medo e da ousadia
Inusitados aos olhos alheios que não nos viam
Porem, nós os víamos no prazer da agonia
Contávamos os minutos dos delírios jurados
Dos sorrisos e arrepios de almas desmesuradas

Amor, ainda te busco quando no alpendre!
Recordando suas caricias em silenciosos soluços
Na noite fria que restou da nossa magia
Na emoção que transcursou os dias da vida...
Mentindo segui, pois jamais voltastes a pisar
No telheiro da nossa moradia inesquecível
Que perdeu a ousadia e o poder da lua cheia
Mingou-se em nuvens escassas e passageiras
Mas na memoria, a evidência da paixão exaltou
Nunca deixei de te amar e aqui na penumbra,sonho
Sensata do quanto me amastes e quisestes
Do quanto me fizestes tua, sem nunca enganar-me
Do quanto chorastes ao perder-me

Amor, ainda te busco quando no alpendre!







segunda-feira, 13 de junho de 2011

Homenagem ao poeta Fernando Pessoa

Fuga de Vate


Toma-me, ó noite eterna, nos teus braços
 (Fernando Pessoa,ABDICAÇÃO 1913)
Já nem sei mais onde estou, porém perdida,
Sei que não estou, ainda, sinto teu afago
Nas palavras rocas no teu peito ouço.

Toma-me, ó noite eterna, nos teus braços
Não quero dormir e perder teu olhar
Que me invade com tortura santificada
Onde nua, sou pura e musa do teu amor.


Chamo-te de amigo, ó luz eterna, sem teus braços
Vigilando o ponto correr desfreado, agora perdida,
Se que sou, anunciada de anseios pela tua poesia.


Fingindo-me segura aos olhos, enleios de fora
Quero dormir e sonhar com teu olhar bardo
Despindo-me com delírios, ó noite eterna.

sábado, 4 de junho de 2011

Janela Azul


Pela manhã no acontecimento daquele dia
Uma brisa leve como um pequeno raio de sol
Chega quieta e quase sem força, mas fresca e
Iluminando e celebrando mais uma esperança

Contento-me em pousar na beira da janela azul
Do meu quarto de flores e sonhos inacabados
Onde o orvalho dormiu aquecido no meu seio
Fingindo ser feliz com lucidez única e louca

O aroma verdugo do coqueiro quase queimado
O som da rua barulhenta trazido pela janela azul e
O ruído dos vivos da abantesma cidade e seus ídolos
Que se agitam sem escolha no seu ritual ensaiado

Ainda próximo o pássaro, por um instante, engoda
Meus estímulos e me engana a alma com suavidade
Grata e na alegria do momento bebo com vigor o café
Da cafeína que me anima e me faz sorrir nervosa

Nessa manhã quase perfeita, meus olhos pela janela
Com menos brilho que antes buscam o impossível
E ser feliz continua um hábito de cada dia e pão nosso e
Confuso meu coração escreve mais uma linha com prosa...
Hoje não sinto vontade de brincar!


















sexta-feira, 3 de junho de 2011

Meu Beija-flor



Te espero inquieta na varanda
Para trazer a alegria q’ pendula no dia
Que só vem quando voas por aqui
Pequenino, cores brilhantes cintiladas
Seda que brilha no ar parado como arte
Beijando a flor, seu doce amor!
Faz meus olhos brilharem!
Pela alvorada disposta e radiante
O néctar te espera ocioso e oriundo
Solitário na virgem pétala branca
Chegue logo beija-flor!
O dia já canta saudoso de ti
Sutil ave poética do arco-íris
Que rabisca o vazio com mil cores
Fazendo meu coração vibrar pela vida
E a natureza contemplar  seu ninho...