Cinderela sem Sapatos...
segunda-feira, 10 de outubro de 2016
Postura...
Folhas caem quebradas,
Avermelhadas,
Nuas, empoeiradas.
Fazem o silencio mais breve,
Fazem o vento mais longo.
Enquanto escuto-as mortas,
Revivo-as em meus pensamentos.
Catatônica, busco contentamento.
Enferma, traço um sorriso lento.
Encontro na face curvas do tempo.
Do tempo que divido com as folhas.
Que caídas são mais belas.
Que quebradas são mais vivas.
Que soltas ao vento e residas
Ilham meus deuses e rotinas.
Para que eu continue em vida
Recorda-las na poesia.
Painting by Octavio Ocampo
Octavio Ocampo is a Mexican surrealist artist who paints illusions in which a scene is set up to create the shapes and outlines of a face. Each of Ocampo’s illusion paintings has a sense of duality. Was his intention to create a portrait of the celebrity or to create a scene that revealed the face during the painting process? It is clear that the illusion is meant to be there, but why? Does the artist simply enjoy creating his illusion paintings or is there a deeper meaning to the visual trickery?
Musica
A musica toca porque a pautam
E entre linhas é ouvida
Jamais se repete sozinha
Apenas dura.
Quando a busco ela toca
Lá no fundo me acorda
E pauto tudo por fora
Com ela à escuta.
Não é palpável nem visível
Não é indiferente ou insensível
Eu? Vejo-me e palpo-me
Mas continuo invisível e sensível.
Porem a musica busco
Tocando-a eludo
Cantaria se eu fosse surdo
sábado, 4 de junho de 2016
Ruídos
Palavras nuas e sombreadas
Respostas às perguntas da alma
Que o coração guarda impiedoso
Entre sorrisos e choros
Vibram na dor
Morrem na alegria
Ruídos... Roedores!
Ritmados as batidas cardíacas
Tolhidos e mudos se ignorados
Causam danos imperdoáveis se ouvidos
Ruídos... Roedores!
Diretrizes da vida – esquizofrênica!
Ecos moribundos dos empecilhos
sexta-feira, 1 de abril de 2016
Tarde!
Piscou o dia
Pintou a noite
Meu corpo vacila
Entre música e
...Alegria...
Sou nota alta
Que vibra e timbra
Sou pauta longa
Que venta lira
Que o sol esconde
Sem forte rima
Sem rima foge
Minha poesia...
quarta-feira, 2 de março de 2016
Febricitante
Estático, quase mudo
Preciso às mascaras
O homem se estimula
E Luta...
E busca inventar-se
Quem não se inventa?
Um dia desvenda-se
E pousa feita a raposa que posa no meu filme de festim...
Na foto de Erwin Olaf
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016
Chuva oleosa
Em busca da pele
Embebeda
Nas folhas é leito
Deita-se ao peito
Embala a raio
Junto ao orgasmo
Pós-tempestade!
Decifra a chegada
De quem se esconde
Atrás da moita...
Foto: Marta Orlowska
A cerca
Caminho estreito `a janela segue feito trilha.
Quem por ele passa
Reflete-se nas vidraças como gigantes
Ou fantasmas!
De dentro, entre as flores, na borda de madeira,
A imagem se aproxima enorme,
Assim como uma poesia inacabada.
Observo cada movimento e em pequenos olhares
Decifro o dia e quem nele me habita.
A certeza me acerca e me rendo. Inesperada, eu chego à fuga!
Desisto por saber que aqui pertenço. Não preciso correr mais.
Minhas linhas foram traçadas e nelas trilho.
Foi tudo um sonho...
(Inspirada nas palavras de Takashi Hiraide no livro: The Guest Cat)
Imagem: Roberto Lubanski
Carta na manga
Que blefa e dribla
Sem copas
Com paus
De ouros
Espadas
Vinga o sol que faz a noite
Menos fria...
Puxa a tolha sem tirar as cartas
Joga o ar ao desafio
Desafio sem perdas?
Eu digo!
Inevitável, meu caro amigo...
Puxa uma carta da manga
Para os dias sem fervor
Para a estrofe sem poesia
Para a boca sem beijo
Para o rei sem reinado
Para o amor sem abrigo
Para a pergunta sem resposta
Eu digo!
Guarda uma carta na manga, meu caro amigo...
Ha' de precisar um dia!
Foto: Web- autoria desconhecida
Refúgio
Vi meu rosto em várias faces fora do lugar.
Vi meu olhar no fundo de cada olhar.
Vi meus pés no chão de cada um sem chão.
Vi minha fome em cada
pão.
Vi minhas mãos postas pelo teu chão.
Vi teu coração preso em várias mãos.
Vi teu mundo decapitado sem noção.
Vi teu nome no meu nome.
Vi teu gesto no meu gesto.
Vi teus olhos nos meus olhos.
Vi todos vocês, menos todos nós.
Vi portas e janelas no vazio do teu porão.
Vi sorrisos sem alegrias.
Vi dores sem remédio.
Vi o maior desamor.
Vi teu maior amor.
Vi quem não se despediu de você.
Vi tudo que nunca imaginei ver.
Vi muito menos do que você viu.
Vi o que não deveria ter acontecido.
Vi... Vi... E vi... Ceguei-me diante dessa impune escuridão.
E não vejo perdão.
Imagem: Tumblr
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