Conheço todas as suas reentrâncias
No vão da mente onde se esconde
Penumbra que invade a alma
Libando-se como parasitas
Que envelhecem a alegria
Alegria essa, roubastes
Tirastes o fôlego ingênuo
Como um vento eloquente
De um coração famélico
Coração esse, roubastes
Sonhava ter fé, esse coração
Acreditava que tal fé existisse!
No fundo dessa cova funda
Perduras vazio
Fecundo de mentiras e minhocas
Molhado de orvalho guardado
Cada dia mais cavo e embriagado
Na lama oca da morte
Invisível à luz da vida
Fugido por uma voz suplicante
Levanta-te da morte!
Ainda não te mereces
Nem menos te queres
Não hoje, nem hoje
Talvez outro dia!