Fuga de Vate
Toma-me, ó noite eterna, nos teus braços
(Fernando Pessoa,ABDICAÇÃO 1913)
Já nem sei mais onde estou, porém perdida,
Sei que não estou, ainda, sinto teu afagoNas palavras rocas no teu peito ouço.
Toma-me, ó noite eterna, nos teus braços
Não quero dormir e perder teu olhar
Que me invade com tortura santificada
Onde nua, sou pura e musa do teu amor.
Chamo-te de amigo, ó luz eterna, sem teus braços
Vigilando o ponto correr desfreado, agora perdida,
Se que sou, anunciada de anseios pela tua poesia.Fingindo-me segura aos olhos, enleios de fora
Quero dormir e sonhar com teu olhar bardo
Despindo-me com delírios, ó noite eterna.